sábado, 29 de outubro de 2011

Já era dia e tudo parecia tão discreto. Até mesmo o cinza que pintava meu rosto como nuvens carregadas de tempestade. Sorria como se tudo fosse um novo início. Como se tudo tivesse derretido. Já era tarde. Não sorria mais. Voltei ao estado normal de algumas horas atrás. Forçava qualquer expressão de conforto, tentando trazer aquele passado próximo para o futuro torto, incorreto. Seria mais fácil recomeçar um caminho que fosse outro. É isso que eu costumava pensar entre as fumaças do meu cigarro, observando a chuva pela janela e me perdendo em barulhos obtidos do viadulto. Eu gostava de apagar a luz. Não existia cor. Tudo isso saía de dentro de mim. Me inspirava em qualquer canto de casa. Mas permanecia quieto, me deparando com novos pensamentos que viravam fixos. Pensamentos que me matavam lentamente. Corria pelos cômodos. Corria para o mesmo canto. Voltava a sorrir. Pensamentos estes que latejavam, espremiam meus méritos. Minhas conquistas ou não-conquistas. Meus planos não-feitos. Seja como for. Estava doendo. Doía. Sangrava. Não sorria mais.

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