segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Hálito amargo de uma noite suspensa. Ele não fazia ideia de seus novos sentidos, mas sabia que doía e não buscava colo. Tua visão anacrônica do mundo, mesmo que favorável, entorpecia pouco à pouco. Tadinho desse pobre rapaz, não sabe despertar alegria nem mesmo em dias de perseverança. De manhã, colocou tua bota velha e sem cor, vestiu tua armadura e foi-se embora. Não te assustes, tens você mesmo para ampará-lo. Tens tua alma soberana, deslumbrante, cheia de devaneios. Sem trouxa de roupas, complexo, chutava miúdas pelo asfalto imaginando todos aquele restinhos separáveis juntando-se e erguendo um boneco feito de pedra. Renascente. Em alguma viela pequena e demasiada de grandes letras nas paredes, deitou-se com as pernas encolhidas tentando solucionar o ar gelado que inquietara tuas pálpebras desvivas. Olhos tão famintos que expunham-se desnudes demais para quem via de longe. ''Garoto mimado, o que fazes aí?'' Perguntou um senhor vestido de branco. ''Eu não sei.'' - Disse ele. ''Me dê tua mão.'' Tal senhor de vestígios brancos, tal senhor de aparência regular, levou-me embora para sempre. Eu não estou vivo, mas me sinto como estivesse.

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